quinta-feira, 17 de setembro de 2015

CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL COM O PAULISTA, MÁRCIO MOSSORÓ RESSURGE NA TURQUIA

Márcio Mossoró - meia do Istambul BB (Foto: Divulgação/IBFK)

A Copa do Brasil de 2005 foi apenas a terceira vez que um clube que não estava na Série A do Campeonato Brasileiro acabou como campeão do torneio. Naquele ano, o Paulista de Jundiaí era comandado pelo técnico Vagner Mancini, que atualmente dirige o Vitória na Série B do Campeonato Brasileiro, e tinha como estrela o meia Márcio Mossoró. Na época, com apenas 22 anos, o potiguar comandava as ações do time que contava ainda com o zagueiro Réver, que está no Inter; o goleiro Victor, do Atlético-MG; o volante Cristian, do Corinthians, e o atacante Finazzi, que também jogou no Timão. Dez anos depois da marcante conquista pelo time do interior paulista, Mossoró é destaque do Istambul BB, da Turquia. Em seu primeiro ano no país, levou um clube recém-promovido à primeira divisão nacional ao quarto lugar na temporada 2014/15. A boa campanha garantiu a classificação para a fase eliminatória da Liga Europa e chamou atenção de outros clubes turcos.
Mesmo atuando por tanto tempo fora do país, Mossoró mantém viva a lembrança do primeiro título da sua carreira.
- O Paulista foi o início de tudo na minha carreira. Depois de anos longe de casa, com o sonho de me tornar um jogador de sucesso, aquela conquista foi um divisor de águas para mim e para boa parte do grupo e sem dúvida foi uma passagem marcante - descreve. 
Para chegar ao título, o Paulista não teve vida fácil. Eliminou Juventude e Botafogo nas primeiras fases de competição. Nas oitavas de final, o confronto foi com o Internacional e a vitória só veio nos pênaltis. Nas quartas de final, foi a vez de medir forças com o Figueirense e a passagem para as semifinais veio também na disputa por pênaltis. Aí foi a vez de duelar contra o Cruzeiro 
Acho que a partida contra o Cruzeiro, no Mineirão lotado, foi nossa maior dificuldade. O Mancini montou uma equipe muito qualificada, com jogadores que queriam crescer na carreira e estavam prontos para o desafio. E deu no que deu - comenta.
A final contra o Fluminense terminou com uma vitória por 2 a 0 no Jayme Cintra e, com o 0 a 0 em São Januário, veio o título. Um dos gols que deram vantagem ao Paulista no jogo de ida foi marcado pelo potiguar.
- Considero meu melhor momento nos jogos finais, principalmente na semifinal contra o Cruzeiro e na final contra o Fluminense, na qual pude marcar no primeiro jogo. Naqueles dois confrontos eles já viam nossa equipe como uma ameaça, e daí todos crescemos e conquistamos o título - lembra.
Márcio Mossoró - meia do Istambul BB da Turquia (Foto: Divulgação/Assessoria P2)Aos 32 anos, Márcio Mossoró é hoje um dos principais jogadores do elenco do Istambul BB, clube que disputa a primeira divisão do Campeonato Turco. O meia disse que se surpreendeu com a estrutura que encontrou, após deixar o futebol árabe em 2014. Na última temporada, a primeira que o Istambul BB disputou a primeira divisão turca, a equipe terminou na quarta posição, atrás apenas de Galatasaray, Fenerbahçe e Besiktas.
A estrutura aqui é de primeiro nível. Temos tudo por aqui. É um clube novo, recém-promovido à liga principal. E no primeiro ano na elite, que foi ano passado, chegamos em quarto. Surpreendemos a todos. Conseguimos uma vaga para as eliminatórias da Liga Europa, mas acabamos perdendo para o AZ, da Holanda - explica.
As boas atuações renderam elogios da imprensa local e fizeram crescer a expectativa sobre um segundo ano na elite, após a surpreendente campanha na temporada 2014/15. 
- Elogiaram a equipe por inteiro pelo resultado e a mim, especificamente, por ser uma peça fundamental no time e que contribuiu muito para chegar até onde chegou. Esse ano não começamos tão bem. E, pelo resultado na primeira temporada, houve uma expectativa muito grande não apenas dos jogadores, mas também dos torcedores por bons resultados. Então começou a haver uma pressão, o que é normal, pelo que fizemos anteriormente - avaliou.
O clube conta com outro brasileiro no elenco atual. O atacante acreano Doka Madureira foi um dos responsáveis por auxiliar Mossoró na adaptação ao novo país. 
- Aqui tem sido igual aos outros países. A única diferença é que não tem igreja evangélica para ir, mas nas demais coisas é igual, shopping, restaurantes, etc. Doka me ajudou bastante também. Temos um tradutor, ele fala muito bem português e tem uma pessoa que trabalha para mim fora do clube que fala português muito bem também - revela.

CONFIRA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA DE MÁRCIO MOSSORÓ:

Depois do Paulista você foi para o Internacional. Lá, não repetiu o sucesso alcançado no clube de São Paulo, ainda assim foi campeão da Libertadores 2006 e da Recopa no ano seguinte. Quais foram as tuas dificuldades no RS e qual a importância das conquistas desses títulos para tua carreira? 
Sem dúvida foi minha maior conquista internacional e tão importante quanto a Copa do Brasil. Eu cheguei lá bem, tive um início bom, mas em seguida tive uma lesão e acabei perdendo espaço. Depois veio o Abel Braga, o elenco era muito forte, mas acredito que, de modo geral, eu consegui contribuir bem para os títulos e acho que foi uma passagem muito positiva.
Você também passou bastante tempo em Portugal. O Braga foi o que você teve mais sucesso. O que recorda dessa passagem por Portugal?
Bom, a experiência de jogar lá foi maravilhosa, sobretudo no Braga, onde vivi os melhores momentos da minha carreira até agora. Foram cinco anos naquele clube. Antigamente, era uma equipe que sempre ficava na zona intermediária da tabela e, durante minha passagem, conseguimos o título da Taça da Liga, um vice campeonato na Liga Europa, jogamos a Champions League, enfim, o clube passou a se tornar a quarta força de Portugal. Antes disso teve a passagem pelo Marítimo, que foi meu trampolim até chegar ao Braga. Tenho muitos amigos em Portugal. Foram épocas marcantes por lá.
Você sempre foi um cara que permaneceu por um tempo mais longo nos clubes do que a maioria dos jogadores. Por que tua passagem pelo Al-Ahli, da Arábia Saudita, foi mais rápida? É mais complicado jogar num país árabe? Houve dificuldade de adaptação ou a proposta do Istambul BB foi que te levou para a Turquia? 
Eu consigo me identificar com todas as equipes que passei, mas na Arábia é um caso a parte. É complicado jogar lá. Clima muito quente, a língua, a cultura do país. Eu demorei para me adaptar, mas as coisas correram bem. No entanto, com a saída do treinador Vitor Pereira, português que hoje comanda o Fenerbahçe aqui da Turquia, eu e o clube chegamos a um acordo amigável, pois queria novos ares.
Tem alguma história engraçada ou curiosa que você passou seja por causa da língua ou da cultura do país tanto na Arábia quanto agora na Turquia?
Tem sim, tem uma bem legal que sempre quando conto começo a rir. Foi muito espontânea do nosso jogador e sempre quando falo com ele lembramos. Uma vez, pelo time da Arábia, fomos jogar a Liga dos Campeões Asiática e viajamos para a Coreia do Sul. Dentro do avião, do meu lado tinha um companheiro de time e ele estava se engraçando para a aeromoça. Eu consegui me comunicar com ele por gestos e tal. Lá a gente falava inglês pra tentar se comunicar. Com os árabes era mais complicado porque nem todos dominavam a língua. A aeromoça começou a falar com ele e perguntou quantos anos ele tinha. Ele não entendia muito de inglês e respondeu: "Saudi Arabia". Todo mundo morreu de rir, ele quis ser esperto, mas acabou fazendo feio (risos).
Márcio Mossoró - meia do Istambul BB da Turquia (Foto: Divulgação/IBFK)
A Liga da Turquia conta hoje com jogadores que têm renome mundial e que passaram pelos maiores clubes do mundo como Diego, Nani, Raúl Meireles e Van Persie no Fenerbahçe; Podolski e Sneijder no Galatasaray; Quaresma e Mario Gomez no Besiktas. Qual a importância disso para elevar a competitividade da liga? Como o jogador se sente ao enfrentar atletas desse nível e que são conhecidos no mundo inteiro?
Os clubes esse ano se reforçaram bastante. As três forças do pais trouxeram jogadores de grande importância no cenário mundial. Querem fazer bonito, não somente local, mas também na Europa. O investimento aqui foi muito grande. Isso eleva o nível de competição do torneio, fica mais disputado e muita gente quer jogar aqui. É prazeroso demais jogar aqui. País bonito, lugar bom de se viver e campeonato em altíssimo nível. E não apenas Besiktas, Fener e Galatasaray se reforçaram forte, não. O Eto'o, ex-Barcelona, joga por aqui, no time que queria o Ronaldinho Gaúcho (Antalyaspor), além de outros nomes.
Quanto tempo você tem de contrato com o Istambul BB? Ainda pretende seguir atuando fora do Brasil por quantas temporadas? Mesmo ainda com alguns anos de carreira pela frente, você já pensa no que fazer quando encerrar a carreira? Esse último clube será mesmo o Baraúnas do Rio Grande do Norte ou você não pretende voltar para o Brasil quando parar de jogar?
Tenho esse ano de contrato e estamos pensando na renovação de mais um, aí depois pretendo retornar para Portugal, ou quem sabe voltar a jogar no Brasil, mas quero ficar na Europa por mais uns três a quatro anos. Vamos ver os planos de Deus na minha vida. Pretendo ser treinador, quero ser e vou estudar muito para isso. O Baraúnas é meu time de coração. Quando criança ia ao estádio com meu pai e então sempre imaginei jogar lá. Espero realizar esse sonho que é meu pai e minha mãe me vendo no estádio, juntamente com toda família.

FONTE: globoesporte.com

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