Se
tornar um jogador de futebol, famoso, rico, cheio de títulos, jogar na
Europa, não é um caminho fácil de se trilhar. Não basta apenas ter
talento, tem que ter disposição para enfrentar os problemas que vão
aparecer e também paciência. Muita. Primeiro, o jovem tem que dar a
sorte de ser escolhido entre tantos, em uma das várias "peneiras" que
acontecem nos clubes do país. Depois, tem que conseguir se transformar
em jogador profissional e depois, se destacar a ponto de conseguir os
grandes contratos nos times do velho continente. Para alcançar tudo
isso, o papel da família em todo esse processo, é fundamental.
Magnus Nascimento
Gabriel
Victor, natalense de nove anos de idade já tem passe avaliado
em R$ 2,5
milhões e está sendo disputado por equipes grandes do
Brasil e até da
Espanha
É o caso do jovem Gabriel Victor, de apenas nove anos
de idade. O garoto, nascido em Natal, vem sendo cobiçado por vários
clubes do Brasil e também do exterior, como São Paulo, Santos, Porto de
Portugal, Real Madrid/ESP, Barcelona/ESP. Com a pouca idade para
resolver seus projetos, quem toma a frente de tudo é o seu pai, Edmílson
Júnior. Juntos, eles já conheceram o Santiago Bernabeu, templo sagrado
do Real Madrid e também o Camp Nou, do Barcelona. Juntos, graças a
habilidade com a bola nos pés de Gabriel Victor, eles conseguiram uma
ajuda de custo de um grupo de investidores europeus, que é revertido na
educação, alimentação e treinamentos da jovem promessa. E, juntos,
conseguiram fazer com que os direitos federativos de Gabriel, estivesse
avaliado em algo em torno R$ 2,5 milhões. "É muito difícil
entender tudo que está acontecendo. As pessoas pensam que isso só
acontece com o pai do Neymar, com o pai do Ronaldo Fenômeno, mas, está
acontecendo comigo, agora. A ficha ainda não caiu", revela o pai de
Gabriel. Mas, as coisas, no início, não foram nada fáceis para
Edmílson Júnior e o seu filho. Na verdade, não foram fáceis para ninguém
da família. Primeiro, Gabriel nasceu de uma gravidez inesperada, em uma
fase da vida de Júnior em que ele atravessava dificuldades financeiras.
De acordo com ele, pessoas próximas disseram, até, para que a mulher
dele, Jaciara Patrícia, fizesse um aborto, prontamente descartado. "Foi
um período muito difícil da nossa vida. Tive que vender salada de
frutas na rua para poder sustentar a família. Hoje, graças a Deus, estou
sendo recompensado por tudo que passamos", desabafa Edmílson. Aos
três anos, o pai começou a notar que Gabriel levava jeito para o
futebol. Um certa vez, a bola de futebol dele furou e o garoto teve
febre psicológica, de acordo com Júnior. O mal só passou depois que
outra bola foi providenciada. "Foi impressionante. Assim que cheguei em
casa com a bola nova, ele pulou da cama e melhorou. A febre passou na
mesma hora", relembra. Até completar seis anos, Gabriel jogava
apenas em casa, já que nenhuma escolinha de futebol em Natal aceitava o
garoto, por ser muito novo. Quando atingiu a idade, foi treinar em um
clube particular, mas, ficou por pouco tempo, já que o técnico queria
escalar a jovem promessa como volante e não no ataque, desejo de
Gabriel desde o começo. Em um novo clube, em 2010, o garoto
começou a despertar a atenção de vários "olheiros" em Natal. Também, não
foi para menos. Naquele ano, aos sete anos, ele alcançou a incrível
marca de 73 gols e 25 partidas, por diversos campeonatos e também
amistosos. O primeiro a se encantar com o talento de Gabriel foi o
professor Marcos Pintado. Foi ele que indicou o garoto para fazer testes
no São Paulo. Logo em seguida, começaram a surgir novas sondagens. Por
coincidências do destino, Carlos Alberto, um dos sócios de Pelé, viu o
vídeo de Gabriel e mostrou ao Rei do futebol, que falou, em nome do
Santos, sobre a possibilidade do garoto fazer um teste na equipe da
baixada santista. Um contrato foi enviado com intenção dos Santos, mas,
ainda não assinado. O motivo foi uma repentina chance de
conseguir fazer um teste no Barcelona da Espanha. Edmílson Júnior
conheceu Bira Lopes, um agente com conhecimento no time catalão e
conseguiu arranjar um teste de Gabriel Victor na Espanha. "Foi
quando tudo parecia dar errado. Primeiro, não tínhamos o dinheiro das
passagens. Conseguimos o dinheiro apenas quatro horas antes de embarcar.
Quando chegamos em Barcelona, tivemos que dormir no chão do hotel,
porque a reserva não tinha sido feita. Para completar, perdemos o
treino. Foi tudo muito estressante. Nos alimentamos apenas de
refrigerante e sanduíche", lembra. Se não foi possível no
Barcelona, eles encontraram a chance no maior rival, o Real Madrid.
Gabriel Victor conseguiu realizar um treino e marcou um gol. Os
espanhóis gostaram do menino e pediu que ele ficasse. Mas, o alto custo,
algo em torno de seis mil euros para se manter por 15 dias em Madrid,
foi decisivo para que o pai tivesse que desistir de ficar na Espanha. "Mas,
as portas ficaram abertas. Já trocamos vários e-mails com o pessoal do
Real Madrid e eles estão querendo o Gabriel lá. Vamos ver o que vai
acontecer", afirma. Agora, Edmílson Júnior, Gabriel Victor e a
família estão de malas prontas para um temporada no sudeste do Brasil.
Primeiro, irão fazer testes em um centro de treinamento em Minas Gerais,
indicado pelo Cruzeiro. Em seguida, eles embarcam para São Paulo.
Se
o pai tenta de tudo para transformar o sonho do filho em realidade,
para Gabriel Victor o que importa é jogar bola. Alheio as propostas de
Santos, São Paulo, Porto, Real Madrid, ou qualquer outro time que
demonstre interesse nas suas habilidades com a bola, a jovem promessa só
tem um pensamento: jogar futebol. "Não tenho preferência por time, o
que eu quero mesmo é jogar pela seleção. Clube, quem pagar mais, eu
defendo", afirma Gabriel, com uma maturidade impressionante, para um
garoto de apenas nove anos de idade. Mas, se depender da paixão pelo seu
ídolo dentro de campo, o destino pode ser a Espanha. Gabriel é fã do
português Cristiano Ronaldo, que é o maior astro da equipe merengue. "Tenho
apenas dois ídolos: meu p ai, que faz tudo por mim e corre trás para
que as coisas aconteçam e Cristiano Ronaldo, que, para mim é o maior
jogador de futebol do mundo. Meu sonho é poder jogar com ele, ou então,
conhecê-lo pessoalmente", revela o garoto. No futebol
brasileiro, Gabriel se espelha no maior craque da atualidade do Brasil,
Neymar. Mas, só no futebol, porque na aparência, não deu certo quando
ele quis imitar o corte de cabelo do jogador do Santos. "Uma vez, cortei
o cabelo igual ao de Neymar, mas não ficou muito bom não. Fiquei
parecendo um galo de briga e logo depois tive que ajeitar de novo",
brinca Gabriel. Mas, se por um lado, o garoto não tem ainda a
dimensão do que possa estar esperando por ele em um futuro próximo
dentro do futebol, fama, dinheiro, reconhecimento, títulos, para
Edmílson Júnior, o caminho vem sendo traçado da melhor maneira possível
para que tudo dê certo para o seu filho e também sua família. Se, por
algum motivo do destino, as coisas não saírem como o planejado, ele vai
estar pronto para recomeçar, mais uma vez, sua vida, ao lado da mulher e
dos cinco filhos, como sempre fez. "Se as coisas para Gabriel
não derem certo no futebol, não vou ficar decepcionado. Até porque,
tenho a consciência tranqüila em relação a isso. Fiz e faço tudo para
que ele realize seu sonho em se tornar um grande jogador de futebol. Se
não acontecer, paciência. Ele vai continuar sendo meu filho e vou
apoiá-lo em qualquer circunstância. O que importa é a felicidade dele",
finaliza.
A
vontade de Edmílson Soares em que o filho se torne um grande jogador de
futebol é tanta, que até um preparador físico para Gabriel Victor ele
conseguiu arranjar. Em forma de parceria, o professor de Educação
Física, César Arenhaldt, acompanha o crescimento da jovem promessa, mas,
sem nunca força mais do que o necessário, para não comprometer o
organismo de uma criança de apenas nove anos de idade. "Tudo que faço é
de maneira lúdica, sem exigir muito do Gabriel. Utilizo os treinos
funcionais, que os clubes usam com o elenco profissional, mas, de uma
maneira diferente, com menos intensidade e ele vem respondendo bem. E, o
mais importante: sempre converso com o Gabriel para saber como ele está
se sentindo. Se ele não quiser treinar, não treinamos", explicou César. Mesmo
sabendo que Gabriel ainda é muito novo para ter o mesmo ritmo de um
jogador profissional ou até de categorias um pouco acima da sua, o
preparador físico particular do garoto se espantou com o ótimo
condicionamento físico da jovem promessa. "O Gabriel tem um físico muito
avançado em relação as crianças de sua idade. Ele responde muito bem as
treinamentos, as corridas, a tudo. Posso dizer que, pelo seu físico e
seu condicionamento, nesses quesitos, ele tem tudo para se tornar um
grande jogador", afirma Arenhaldt. O pai de Gabriel também tem a
mesma opinião do preparador físico em relação ao condicionamento
exemplar do filho. "Uma vez, fizemos um teste no setor de fisioterapia
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e o professor que estava
lá, se espantou com o Gabriel. Até os alunos de fisioterapia que estavam
presentes, ficaram espantados, quando viram os testes dele. Gabriel é
muito forte e tenho certeza de que vai se destacar", prevê Soares.
Felipe Gurgel - repórter/TN - blogtatutomsports
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