O tema é sempre polêmico, e gera mais discussão cada vez que é trazido à
tona. A proibição do consumo de bebidas alcóolicas nos estádios de
futebol do Brasil continua gerando divergências sempre que é debatida.
Entre os que defendem a liberação, o juiz de Direito do estado do Rio
Grande do Norte, Paulo Maia, é um dos mais incisivos. Para ele, o foco
do combate à violência nos estádios, motivo principal alegado para a
proibição da bebida, tem que ser feito nas torcidas organizadas. Segundo
ele, a proibição faz com que o consumo aumente do lado de fora dos
estádios e arenas.
- O foco deve ser no controle das torcidas. A venda de bebida sendo
vedada faz com que as pessoas se embriaguem fora do estádio, e ainda
deixem para entrar no último momento. Isso acaba impossibilitando um
melhor trabalho da polícia, que não consegue, assim, fazer uma revista
de qualidade. É muito mais difícil para a polícia coibir o comportamento
de quem entra no estádio embriagado do que de quem vai beber durante os
90 minutos de jogo - defende o magistrado, que recentemente participou
do fórum "Cerveja nos estádios: legal ou ilegal?", realizado na sede da
Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). O evento foi
organizado pela Comissão de Direito Esportivo da OAB/RJ e pelo Instituto
de Ciências do Futebol (ICF).
Paulo Maia afirma ainda que a proibição do consumo afastou o torcedor
do estádio. Ele explica que o Estatuto do Torcedor, com base no artigo
13-A, ainda não foi eficaz na redução da violência entre torcidas de
futebol. Segundo ele, com a Lei Geral da Copa, que permite o consumo de
bebidas dentro dos estádios, haveria conceitos jurídicos diferentes para
uma mesma ação.
- Com base no artigo 13-A, a lei inseriu a questão do portar substância
proibida ou bebida capaz de gerar violência, mas não diz que tipo de
bebida é essa. E também não trouxe os verbos 'consumir' e 'vender', que,
no meu entendimento, torna lícito que o cidadão beba a sua cerveja no
balcão dos quiosques, uma vez que ali não está havendo o porte, e sim o
consumo e venda de bebida alcóolica - lembra.
Para o torcedor, a opinião é praticamente a mesma. A grande maioria é a
favor da venda de bebidas alcóolicas nos estádios. Segundo o torcedor
do América-RN Mainar Medeiros, o futebol é uma festa, e portanto, o
consumo de bebida tem que ser liberado.
- Eu parto do princípio de que futebol é festa. E festa tem como vetor
principal o consumo de bebida alcóolica - afirma o torcedor.
Para o Ivanilson Medeiros, é uma hipocrisia a proibição do consumo de
álcool. Ele defende que os problemas não são dentro do estádio, e sim
fora do estádio.
- Eu acho uma hipocrisia isso (não vender bebida alcóolica nos
estádios). Nos shows é aberto para todo mundo beber. A confusão não é
nos estádios, e sim do lado de fora - finaliza.
FONTE: globoesporte.com/rn
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