terça-feira, 23 de junho de 2015

ABC ENCARA CAMPO DE BRITA NA GRÉCIA, FEIJOADA QUEIMADA E GUERRA NO LÍBANO

header ABC 1 - centenário (Foto: Thiago Assis)

Antes da inauguração do Estádio Castelão - em 1972 -, o ABC estava acostumado a jogar no Estádio Juvenal Lamartine, no qual o gramado "parecia capim", segundo o ex-zagueiro Edson. O eterno capitão do tetra só não sabia que iria encarar campos piores durante a excursão internacional em 1973. Durante a aventura que passou por três continentes e nove países, o cenário encontrado pelos jogadores alvinegros em um amistoso disputado na Grécia superava qualquer campinho de chão batido em que a equipe já havia jogado. 
Excursão do ABC - mapa (Foto: Thiago Assis/Editoria de Arte)Excursão do ABC passou por três continentes e nove países (Foto: Thiago Assis/Editoria de Arte)
- O campo não era nem de chão duro. Era feito de pedra mesmo, parecia brita. Teve jogador do ABC que tirou as travas, que eram removíveis, para poder jogar nesse campo, porque iria escorregar demais. Esse foi o pior campo que nós jogamos. A gente fazia de tudo para não cair, era complicado - disse o ex-zagueiro.
O resultado pouco importou, pois foi o péssimo estado do campo de jogo que mais chamou a atenção dos jogadores.
Jornal turco repercute vitória do ABC sobre o Fenerbahçe por 1 a 0 (Foto: João Telino/ Acervo Pessoal)- Mas nós jogamos em campos bons também, como por exemplo contra a seleção da Romênia, que o jogo aconteceu no principal estádio do país - explicou.
A comida foi um dos desafios encarados pela delegação alvinegra durante a excursão. Apesar de terem levado feijão e café, os jogadores não se adaptaram tão facilmente aos cardápios típicos dos países exóticos por onde passaram. Em certo ponto da viagem, os jogadores do ABC ficaram hospedados em uma comunidade agrícola, em Ismir, na Turquia, e, com saudades da culinária brasileira, tiveram a ideia de cozinhar uma típica feijoada. O resultado, porém, não foi o esperado por todos.
Jogadores do ABC em uma granja na Somália (Foto: João Telino/ Acervo Pessoal)- Quem comprou os ingredientes foram 'Seu Prudêncio' e Tião Cunha, que era o preparador físico que acompanhou a delegação. Dizem que a compra dos ingredientes foi muito engraçada, pois como eles foram sozinhos, sem o intérprete, e não sabiam falar o idioma local, tiveram que fazer mímica para que os vendedores entendessem o que eles queriam. Então, para comprar carne de porco, tiveram que imitar o bicho, roncando e fazendo aquele nariz de porco característico, e foi assim com o resto dos ingredientes. Com os ingredientes em mãos, eles fizeram a feijoada, mas pense em uma feijoada ruim! Queimou tudo e foi difícil de descer - contou Edson, rindo muito da situação.
BARULHO DOS BOMBARDEIOS


Entre um jogo e outro, aconteceu de tudo: de situações de risco a histórias engraçadas. Após rodarem a Europa, o ABC tinha o Líbano, país situado na extremidade leste do Mar mediterrâneo, na Ásia Ocidental, como próxima parada. O grande problema é que o país vivia um período turbulento, com uma guerra civil declarada em todo o território. Hospedados na capital Beirute, os jogadores presenciaram o ambiente de medo no qual viviam os habitantes do país. Além do comércio, dos bancos e outros tipos de estabelecimentos estarem fechados, os atletas puderam ver de perto as marcas da guerra por toda a cidade.

Jogadores do ABC no Sudão (Foto: João Telino/ Acervo Pessoal)No Líbano foi difícil. Quando chegamos à cidade vimos muitos tanques de guerra na rua, e no estádio onde jogamos, em cima da arquibancada, haviam barricadas. Quando nós entramos no vestiário, tinham vários homens armados até os dentes com metralhadoras. Foi muito difícil, nós ouvíamos o barulho dos bombardeios e ficamos com muito medo. Passamos sufoco e não víamos a hora de sair de lá - declarou Edson.
E eles não ficaram lá por muito tempo. O único jogo foi contra a seleção do Líbano, que terminou em um empate em 1 a 1, com gol de Jorge Demolidor para o Alvinegro. Por pedido da delegação, que ouvira de um taxista libanês que já havia morado em São Paulo o boato de que a cidade poderia ser bombardeada, eles logo partiram para a Etiópia. Mas a estadia no Líbano não foi feita apenas de momentos tensos. Quando entraram no campo, os jogadores do ABC tiveram uma surpresa. 
- Quando a gente entrou no estádio, no Líbano, a gente viu uma bandeira do ABC e um cara gritando: 'Alberi, Alberi'. Daí a gente comentou: não é possível, até aqui tem abecedista? Eram uns libaneses que moravam em Natal e estavam de férias no Líbano - contou.
FONTE: globoesporte.com/rn

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