terça-feira, 23 de junho de 2015

PAQUERA ERRADA, GAITA DA DISCÓRDIA E ROUBO NA ÁFRICA: MAIS RESENHAS DE 73

header ABC 1 - centenário (Foto: Thiago Assis)
Mesmo longe do Brasil, os jogadores do ABC que estavam solteiros davam um jeitinho de paquerar com as meninas ao longo da excursão internacional de 1973. Nem mesmo o idioma era um obstáculo. O problema é que nem sempre isso dava certo, como aconteceu com Sabará na Turquia. Neste caso, sobrou para Anchieta, como conta o ex-zagueiro Telino.
Excursão do ABC - mapa (Foto: Thiago Assis/Editoria de Arte)Excursão do ABC passou por nove países e três continentes (Foto: Thiago Assis/Editoria de Arte)
- Sabará estava na janela do hotel, no segundo andar, e em frente tinha uma alfaiataria. O turco estava nessa alfaiataria trabalhando, e em frente dela estava uma garota, mas Sabará não sabia que ela era filha deste turco. Ele ficou fazendo sinal para a menina, gesticulando, e o turco ficou só observando. Foi quando Sabará desceu para o salão do hotel, e Anchieta, que assim como Sabará usava um cabelo black power, saiu para comprar sorvete na rua, e passou em frente à alfaiataria. Foi aí que o turco confundiu os dois e saiu correndo atrás de Anchieta com uma tesoura enorme na mão. Se Anchieta não fosse atleta, teria sido pego - contou Telino, aos risos. 
"CONVIDADOS" PARA CASAMENTO

De uma situação delicada para outra um tanto quanto cômica, que aconteceu durante a estadia da delegação em Bucareste, na Romênia. Após o jantar, os jogadores alvinegros continuaram no restaurante do hotel para ouvir música e "dar uma olhada nas meninas", segundo o capitão Edson. Até que uma dessas meninas que circulavam pelo hotel, de forma muito simpática, se aproximou da delegação e colou alguns adesivos nas camisas dos jogadores. Os atletas logo perguntaram ao intérprete o que aquilo significava, e ele explicou que todos haviam sido convidados para um casamento que estava ocorrendo no salão de recepções do hotel. Comemorando a "boca livre", os atletas se dirigiram ao local imediatamente.

Sabará - jogador do ABC em 1973 (Foto: Ribamar Cavalcante/ Acervo Pessoal)Anchieta foi confundido com Sabará na Turquia (Foto: Ribamar Cavalcante/Acervo Pessoal)
- Quando a gente chegou lá no salão de recepções, tinha uma mesa imensa, lotada de comida e bebida. Acontece que ninguém comia e nem bebia nada, só dançava. Depois de um tempo, as pessoas da festa, também muito simpáticas, pegaram o microfone e disseram: 'Au revoir'. E a nossa turma repetia. Eles insistiam em dizer isso e nós continuávamos a repetir o que eles diziam, pois pensávamos que era um tipo de grito de guerra. Até que eu me recordei do francês do colégio, e lembrei que 'Au revoir' quer dizer adeus. Aí eu pensei: estamos sendo expulsos do local. Eu perguntei se era isso mesmo e eles confirmaram. O difícil foi convencer o resto do pessoal a ir embora - disse Edson.
Depois, o intérprete explicou que o fato é tradição na Romênia, onde, após certo tempo da festa, apenas os familiares permanecem.
Edson contou que após voltarem ao Brasil, muita gente o questionava se havia acontecido alguma briga entre os membros da delegação. 
- Também pudera, mais de 100 dias olhando para as mesmas caras é demais - disse.
CRAQUE DESAFINADO
Segundo o ex-zagueiro, ninguém chegou às vias de fato, o que não quer dizer que não aconteceram alguns desentendimentos. Um deles ocorreu na estação de trem da cidade de Belgrado, quando a delegação esperava o trem rumo a Sarajevo, na antiga Iugoslávia. Foi quando o pessoal começou a se incomodar com a falta de talento musical do meia Alberi, que insistia em tocar gaita, mesmo sem saber. 
Jogadores do ABC - Floriano, Erivan, Alberi e Anchieta na Etiópia (Foto: João Telino/ Acervo Pessoal)A gente estava em Belgrado esperando um trem para Sarajevo, para jogar lá. Alberi, então, começou a tocar uma gaita, mas ele não tocava nada. Enchia o saco realmente, e o pessoal pedia para ele parar, mas ele continuava. (O técnico) Danilo Alvim foi um dos que pediu para que ele parasse. Até que 'Seu' Prudêncio (Sobrinho, dirigente do ABC), confiando na relação de amizade que tinha com Alberi, tomou a gaita dele. Na mesma hora, Alberi pegou de volta, e Danilo tomou as dores de Seu Prudêncio. Ele disse: 'Alberi, você não vem jogando bem, e a gente está mantendo você no time'. Nessa hora, Seu Prudêncio disse que mandaria Alberi de volta para o Brasil, e ele simplesmente comemorou (risos). Depois disso eu apostei com Soares que Alberi iria acabar com o jogo seguinte, e não deu outra. Nós ganhamos o jogo por 1 a 0, e ele fez um gol de muito longe, um pouco além do meio de campo. Ele dominou a bola no peito e chutou no ângulo. A própria torcida adversária aplaudiu. Resultado: o melhor jogador em campo foi Alberi - contou Edson.

PREJUÍZO NA TANZÂNIA

Mas confusão grande mesmo aconteceu na Tanzânia. Após um jantar onde toda a delegação estava presente, Jácio Fiúza, chefe da delegação e tesoureiro do clube, saiu da mesa e esqueceu sua capanga em cima da mesa. Quando voltou, Fiúza deu falta da capanga, que continha o dinheiro ganho pela equipe durante alguns amistosos anteriores ao fato, alguns milhares de dólares. A delegação e a polícia local procuraram o dinheiro, sem sucesso.

Chegada da Tanzânia à Natal (Foto: João Telino/ Acervo Pessoal)- Quem teve a ideia do que havia acontecido foi Telino, meu companheiro de zaga. Ele olhou em volta da mesa que estávamos sentados e percebeu que a limpeza tinha sido feita em torno de toda a mesa, menos em um ponto específico, que era exatamente onde Fiúza estava sentado. Aí Telino deduziu que foi o pessoal da limpeza. Nós falamos com o pessoal do hotel, mas nada foi encontrado. No dia seguinte nós estávamos indo para o aeroporto quando vimos um carro da polícia, que interceptou o nosso ônibus. Eles confirmaram que o furto havia sido feito pelo pessoal da limpeza e entregaram a capanga com todos os documentos, menos o dinheiro. Mas, no ano seguinte, quando o time da Tanzânia veio jogar em Natal, o governo deles trouxe o dinheiro e devolveu ao Fiúza - disse Edson. 
FONTE: globoesporte.com/rn

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