
Mesmo longe do Brasil, os jogadores do ABC que estavam solteiros davam um jeitinho de paquerar com as meninas ao longo da excursão internacional de 1973. Nem mesmo o idioma era um obstáculo. O problema é que nem sempre isso dava certo, como aconteceu com Sabará na Turquia. Neste caso, sobrou para Anchieta, como conta o ex-zagueiro Telino.

- Sabará estava na janela do hotel, no segundo andar, e em frente tinha uma alfaiataria. O turco estava nessa alfaiataria trabalhando, e em frente dela estava uma garota, mas Sabará não sabia que ela era filha deste turco. Ele ficou fazendo sinal para a menina, gesticulando, e o turco ficou só observando. Foi quando Sabará desceu para o salão do hotel, e Anchieta, que assim como Sabará usava um cabelo black power, saiu para comprar sorvete na rua, e passou em frente à alfaiataria. Foi aí que o turco confundiu os dois e saiu correndo atrás de Anchieta com uma tesoura enorme na mão. Se Anchieta não fosse atleta, teria sido pego - contou Telino, aos risos.
"CONVIDADOS" PARA CASAMENTO
De uma situação delicada para outra um tanto quanto cômica, que aconteceu durante a estadia da delegação em Bucareste, na Romênia. Após o jantar, os jogadores alvinegros continuaram no restaurante do hotel para ouvir música e "dar uma olhada nas meninas", segundo o capitão Edson. Até que uma dessas meninas que circulavam pelo hotel, de forma muito simpática, se aproximou da delegação e colou alguns adesivos nas camisas dos jogadores. Os atletas logo perguntaram ao intérprete o que aquilo significava, e ele explicou que todos haviam sido convidados para um casamento que estava ocorrendo no salão de recepções do hotel. Comemorando a "boca livre", os atletas se dirigiram ao local imediatamente.

- Quando a gente chegou lá no salão de recepções, tinha uma mesa imensa, lotada de comida e bebida. Acontece que ninguém comia e nem bebia nada, só dançava. Depois de um tempo, as pessoas da festa, também muito simpáticas, pegaram o microfone e disseram: 'Au revoir'. E a nossa turma repetia. Eles insistiam em dizer isso e nós continuávamos a repetir o que eles diziam, pois pensávamos que era um tipo de grito de guerra. Até que eu me recordei do francês do colégio, e lembrei que 'Au revoir' quer dizer adeus. Aí eu pensei: estamos sendo expulsos do local. Eu perguntei se era isso mesmo e eles confirmaram. O difícil foi convencer o resto do pessoal a ir embora - disse Edson.
Depois, o intérprete explicou que o fato é tradição na Romênia, onde, após certo tempo da festa, apenas os familiares permanecem.
Edson contou que após voltarem ao Brasil, muita gente o questionava se havia acontecido alguma briga entre os membros da delegação.
- Também pudera, mais de 100 dias olhando para as mesmas caras é demais - disse.
CRAQUE DESAFINADO
Segundo o ex-zagueiro, ninguém chegou às vias de fato, o que não quer dizer que não aconteceram alguns desentendimentos. Um deles ocorreu na estação de trem da cidade de Belgrado, quando a delegação esperava o trem rumo a Sarajevo, na antiga Iugoslávia. Foi quando o pessoal começou a se incomodar com a falta de talento musical do meia Alberi, que insistia em tocar gaita, mesmo sem saber.

PREJUÍZO NA TANZÂNIA
Mas confusão grande mesmo aconteceu na Tanzânia. Após um jantar onde toda a delegação estava presente, Jácio Fiúza, chefe da delegação e tesoureiro do clube, saiu da mesa e esqueceu sua capanga em cima da mesa. Quando voltou, Fiúza deu falta da capanga, que continha o dinheiro ganho pela equipe durante alguns amistosos anteriores ao fato, alguns milhares de dólares. A delegação e a polícia local procuraram o dinheiro, sem sucesso.

FONTE: globoesporte.com/rn
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