quarta-feira, 1 de julho de 2015

COM STATUS DE " DEUS DOS ALVINEGROS", ALBERI AGRADECE: ETERNAMENTE AO ABC

header ABC 1 - centenário (Foto: Thiago Assis)


ABC 100 anos Alberi  (Foto: Canindé Soares)Gênio, menestrel, craque, ídolo. Considerado o maior jogador da história do ABC, Alberi José Ferreira de Matos, ou simplesmente Alberi, é tratado como "Deus" pelos torcedores alvinegros. A fanática torcida demonstra, nas mais diversas formas, toda a sua paixão pelo eterno camisa 10 do Mais Querido. Com o manto abecedista, o pernambucano criou uma identificação tão grande que, segundo ele, o deixou com o "coração potiguar".

Aos 70 anos, Alberi pendurou as chuteiras há quase 30 anos e permaneceu em Natal, onde mora com a mulher em uma residência no bairro de Nova Descoberta, na zona Sul da cidade. Nas paredes da casa, recordações da época em que desfilava pelos campos do Rio Grande do Norte, como os dos antigos estádios Juvenal Lamartine e Castelão; do Brasil, durante a participação alvinegra no Campeonato Nacional; e pelo mundo, quando integrou a equipe que excursionou por mais de 100 dias por três continentes - Europa, África e Ásia.

Entre as homenagens que recebeu, uma das mais marcantes foi a do jornalista Rubens Lemos Filho, que descreveu o ex-jogador como "um gênio de partituras universais compondo dribles, gols, lançamentos. Um poeta de versos intuitivos, mágicos, paralisantes. Um Deus que a bola reverenciará, submissa, pela eternidade: Alberi".

As lembranças do período em vestiu o "manto alvinegro", como Alberi gosta de dizer, revelam um lado torcedor que poucos conhecem. Durante quase 10 anos, conquistou títulos importantes para a história do clube, como o tetracampeonato do Campeonato Potiguar de 1970 a 1973, além de um quinto título em 1983. Outras duas conquistas coletivas foram as taças Cidade do Natal, e 1971 e 1983. Foi artilheiro duas vezes, em 1971, com 16 gols, e em 1972, com 10 gols.

O ex-jogador faz questão de agradecer aos torcedores a oportunidade de, assim como eles, também fazer parte da torcida e vibrar com as conquista do clube, e se declara "eternamente ABC".
- Eu sou eternamente ABC, porque foi um time que quando eu vim do Santa Cruz para cá, eu consegui tudo no ABC. Então, eu tenho que agradecer pelo merecimento que eles me deram em ser abecedista - afirma.

BOLA DE PRATA


Em 1972, Alberi recebeu uma das maiores premiações para um jogador de futebol brasileiro: o troféu "Bola de Prata". Organizado pela revista Placar, a premiação reuniu os melhores jogadores, de cada posição, e montou um time que deixaria qualquer equipe da atualidade para trás. O combinado era composto pelo ex-goleiro Leão, que na época defendia o Palmeiras. Na lateral direita, o destaque era Aranha, que jogou pelo Remo. A zaga foi formada pela dupla Figueroa, ex-Internacional, e Beto Bacamarte, ex-Grêmio. Na lateral esquerda, o inesquecível "Diabo Loiro", o potiguar Marinho Chagas, quando vestiu a camisa do Botafogo. No meio-campo, o ex-volante Piazza, que jogou pelo Cruzeiro, junto aos meias Ademir da Guia, ex-Palmeiras, e Zé Roberto, ex-Coritiba. No ataque, além de Alberi, foram premiados Osni, ex-Vitória, e Paulo César Caju, ex-Flamengo.

Alberi - bola de prata ABC (Foto: Reprodução)


Ao longo da história, Alberi marcou 210 gols com a camisa alvinegra e ocupa a segunda posição na artilharia do ABC, ficando apenas atrás do atacante Jorginho, que atingiu a marca de 219 gols. O destaque em campo atraiu o interesse da mídia nacional, e uma publicação da própria revista Placar questionou se Alberi poderia ser um "Deus" no futebol. Ele mesmo rechaça a comparação, mas brincou ao dizer que se enquadra numa categoria inferior na hierarquia celestial, a de um "anjo".

- Isso aqui foi da revista Placar. O repórter perguntou se eu me considerava um Deus. Eu disse que não, e disse que era apenas Alberi. Isso aqui não fui eu que fiz. Foi apenas o pensamento da imprensa, que colocou essa matéria. Ele me perguntou o porquê e eu disse que não sabia explicar e que poderia ser uma ideia dos torcedores do clube, que me achavam um Deus em campo. Na verdade, eu me considero um anjo no futebol. Um Deus, não, um anjo - conta de forma descontraída.



CORAÇÃO POTIGUAR
Recifense de batismo, mas natalense de coração. A paixão de Alberi pela capital do Rio Grande do Norte se confunde com a história do ABC. Entre idas e vindas, foram cerca de 10 anos de glórias e algumas frustrações com a camisa alvinegra. A empatia com Natal foi uma das justificativas para que o ex-jogador rejeitasse uma proposta feita pelo Fluminense, que foi considerada na época milionária e uma das mais altas do futebol nacional. Após a negativa ao time carioca, surgiram outros interesses de clubes paulistas, gaúchos e até de Portugal, mas Alberi negou. Mesmo lamentando não ter defendido a seleção brasileira, Alberi não se arrepende das escolhas que fez durante o período em que foi jogador.
Recifense de batismo, mas natalense de coração. A paixão de Alberi pela capital do Rio Grande do Norte se confunde com a história do ABC. Entre idas e vindas, foram cerca de 10 anos de glórias e algumas frustrações com a camisa alvinegra. A empatia com Natal foi uma das justificativas para que o ex-jogador rejeitasse uma proposta feita pelo Fluminense, que foi considerada na época milionária e uma das mais altas do futebol nacional. Após a negativa ao time carioca, surgiram outros interesses de clubes paulistas, gaúchos e até de Portugal, mas Alberi negou. Mesmo lamentando não ter defendido a seleção brasileira, Alberi não se arrepende das escolhas que fez durante o período em que foi jogador.
Quando foi jogar no Santa Cruz, no final da década de 1970, afirmou que ainda vestiria a camisa alvinegra. A promessa foi cumprida em 1981, mesmo deixando para trás um Fusca, que havia ganho como prêmio pela conquista do Campeonato Pernambucano. O período no ABC se estendeu por mais dois anos até a saída em definitivo em 1983, quando foi jogar pelo Clube Atlético Potiguar e encerrou a carreira em 1984, aos 38 anos.
- (Natal) Foi uma cidade que me acolheu bem, tanto a mim como toda a minha família, e foi por isso que eu optei por ficar no Rio Grande do Norte. Eu tive outras propostas para sair daqui do estado, mas eu não saí porque a gente deve ficar onde se sente bem. Não é importante o valor, o importante é o seu bem. Eu não quis ir para São Paulo, não quis ir para o Rio Grande do Sul, não quis ir para Portugal, não quis ir para o Rio de Janeiro, com uma proposta do Fluminense. O presidente do clube veio aqui na minha casa: 'Olha, o seguinte vai lá e joga'. Naquela época, eu ganhava 1.800 cruzeiros. Era dinheiro demais, mas aí, eles me ofereceram 15 mil por mês para que eu passasse três meses lá, e eu disse: 'Não vou, não!'. Eu podia ir, mas não quis. Eu não me arrependo de nada que eu fiz. Eu devia ter chegado a uma seleção brasileira, mas isso aí é outra história. Natal foi uma cidade que eu fui embora, mas disse que iria voltar. Não quis ficar no Santa Cruz, e voltei pra cá. Fui até campeão lá e cada jogador ganhou um Fusca do ano e, naquela época, era um carrão. Eu vim para Natal e perdi o de lá, mas quando cheguei aqui o ABC me deu um - declara.



EXCURSÃO PELO MUNDO
Impedido de disputar o Campeonato Nacional por dois anos, por ter escalado três jogadores de forma irregular no confronto contra o Botafogo, no antigo Castelão, em 1972, o ABC se aventurou por mais de 100 dias fora do país. A saudade de casa, a longa viagem por três continentes - Europa, África e Ásia - e as dificuldades no exterior foram dribladas com muita habilidade em campo. 
Principal jogador daquela equipe abecedista, Alberi teve seu futebol pretendido por clubes europeus por conta dos gols e das atuações que desempenhou contra, por exemplo, o Panathinaikos, da Grécia. Nesse episódio, o "bicho", que é um rendimento pago aos jogadores pela participação em jogos, foi diferenciado. 
- Houve uma partida na Grécia, contra o Panathinaikos, que é um dos grandes clubes do país. O bicho era de 10 dólares para os outros jogadores do time, e Alberi recebeu 20 dólares por esse jogo, porque ele simplesmente acabou o jogo. Teve um gol anulado de bicicleta, foi o melhor jogador. Todos consideraram Alberi um jogador diferenciado naquele time, na verdade, como sempre foi - ressalta o jornalista.
Para Alberi, a sensação de passar quase 100 dias longe de casa jogando futebol, diante de tantas adversidades, foi superada no reencontro com a família e a torcida alvinegra. Numa recepção calorosa, que partiu da cidade de Canguaretama, na região Sul do estado, até a sede administrativa do clube, que ficava no bairro de Petrópolis, em Natal, onde atualmente é um centro empresarial, se via apenas uma coisa: o sorriso no rosto dos potiguares.
- Aquela excursão do ABC pelo mundo e a chegada a Natal. Aquilo marcou todos os atletas que participaram do futebol do ABC. Foi tão surpreendente que o governo decretou feriado para a chegada dos jogadores. Foi aquele festão. A gente não imaginava aquilo tudo, porque havia uma grande quantidade de torcedores, não só do ABC, mas de torcedores do Rio Grande do Norte. Foi uma saudade muito grande, não só dos torcedores, mas principalmente da família - finaliza.



ALBERI NO CINEMA
Em 2012, a vida de Alberi foi parar nas telas dos cinemas. O documentário "Alberi, o craque alvinegro" é o título de um vídeo produzido pelos então estudantes de Cinema da Universidade Potiguar - Cássio Hazin, Dhara Ferraz, Suerda Morais, Yowyo Júlio. O documentário conta a trajetória do ex-jogador e sua ligação com ABC, além de falar sobre sua vida e sua história no futebol. Recheado de depoimentos de familiares e amigos queridos, o vídeo relata os momentos que Alberi passou no futebol do Rio Grande do Norte e que ficaram marcados nos seus corações.
FONTE: globoesporte.com/rn

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