quinta-feira, 16 de julho de 2015

CONSAGRADO, SOUZA VOLTA PARA CUMPRIR PROMESSA E VIRA REI NO AMÉRICA/RN

header américa-rn (Foto: Editoria de Arte)
América-RN 100 anos - 2006 acesso (Foto: Divulgação)
Em pé: Robson, Fabiano, Tiago Cavalcanti, Luís Maranhão, Roni e Renan; Agachados: Souza, Magal, Eduardo Arroz, Paulo Isidoro e Paulinho Kobayashi. Este era o time-base na campanha do acesso em 2006 (Foto: Divulgação)
Quando se fala em ídolos do Mecão, o nome de Souza é certamente um dos mais lembrados. Na verdade, poucos são chamados de "rei" como ele. A habilidade dentro das quatro linhas e a postura adotada fora de campo fazem o jogador ser admirado desde de o início da carreira. Campeão potiguar nos anos de 1991 e 1992, o meia teve seu ápice vestindo a camisa rubra em 2006, quando o clube conquistou o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, o segundo em 10 anos.
- Conquistar aquele acesso que foi uma das maiores alegrias da minha carreira e da minha vida - afirma o ex-jogador, hoje com 40 anos.
TORCEDOR SÍMBOLO AJUDOU
José Ivanaldo de Souza chegou ao Alvirrubro em 1991. O jogador se destacou em um amistoso entre um selecionado de Ipanguaçu e o América-RN, que marcava a inauguração do Estádio Joacy Fonseca, na cidade de Ipanguaçu - vizinha a Itajá, onde nasceu. Aos 15 anos, ele foi o destaque daquela partida e recebeu o convite para defender o Mecão. Souza foi para Natal, mas não permaneceu. Ele retornou para Ipanguaçu para terminar os estudos e só retornou após o período letivo.
América-RN 100 anos - Souza time nos anos 90 (Foto: Ribamar Cavalcante/Arquivo Pessoal)- Foi um primo, Nonato, que trouxe eu e o Bebeto, atacante. Eu tinha vindo depois do jogo da inauguração e não fiquei. Depois, ele trouxe a gente. Aí eu fiquei, me alojei, fiquei na sede lá um tempo, fizemos alguns jogos pelo interior, me profissionalizei com 15 anos e aí foi onde tudo começou - lembra.
Em Natal, o meia passou a morar na sede do clube, na avenida Rodrigues Alves. Ele conta que esse tempo era difícil, mas algumas pessoas ajudaram na adaptação à nova vida na capital. Um deles era Baé, torcedor símbolo do América. 
- Baé era meu vizinho. Era o primeiro quarto dele, aí tinha o de Erijânio, o do vigilante e o outro era o meu com Bebeto. A gente ali todos juntos dentro da sede. Às vezes, eu não tinha dinheiro, aí pegava e quebrava coco para comer, pegava goiaba verde. Baé é um cara que convivi um ano. Depois, no outro ano, nós fomos lá para a (rua) Ângelo Varela. Já tinha me profissionalizado e morávamos lá eu, tio Lico, Gito, a galera toda morava nessa casa. Foi um tempo muito legal que eu não esqueço. E Baé é um cara que convivemos juntos e é um cara sensacional. Sempre que precisava de alguma coisa ele ajudava - conta.
DE ITAJÁ PARA O MUNDO
Souza recebeu a oportunidade de jogar no América das mãos do técnico Baltazar Germano. O jogo contra o Flamengo, em 1993, pela primeira fase da Copa do Brasil, apresentou o futebol do camisa 10 para o país. Destaque nos dois anos em que permaneceu atuando no clube, ele acabou saindo em 1993, para o Rio Branco-SP. Após rodar por Corinthians - onde chegou à Seleção Brasileira -, São Paulo, Atlético-PR - onde foi campeão brasileiro em 2001 -, e Atlético-MG, o meia acabou indo para o futebol da Rússia, onde permaneceu por dois anos. A volta ao Brasil foi para o Flamengo. A equipe acabou se salvando do rebaixamento em 2005, após muita luta e Souza optou por retornar para Natal. A esposa estava grávida do primeiro filho e o camisa 10 voltou ao Alvirrubro para cumprir a promessa de jogar no América sem remuneração.
- A minha mulher estava grávida e eu já estava pensando em dar uma parada, uma descansada por aqui, porque tinha sido muito desgastante o ano de 2005 no Flamengo. O time quase caiu. Como nós optamos por ficar aqui, eu cumpri com a minha promessa de jogar de graça no América. As coisas foram acontecendo, eu fui ficando cada vez mais ligado ao clube e o carinho da torcida é enorme. É tão grande que eu não consegui mais sair - disse.
SÓ NÃO FEZ CHOVER

América-RN 100 anos - Souza - Série A 2007 (Foto: Reprodução)
O que muita gente pensava era que Souzinha, como é carinhosamente chamado, já estava em fim de carreira e, como tinha histórico de lesões, pouco jogaria. Entretanto, não foi isso que aconteceu. Aos 31 anos, ele só não fez chover naquela Série B de 2006. O grito de "Souza é o nosso rei" ecoou inúmeras vezes no antigo Estádio Machadão. Foi eleito o craque do campeonato e, ao final das 38 rodadas, o Mecão conquistou o acesso na quarta posição, com 61 pontos e 19 vitórias, sendo 15 delas em casa. Também foi o vice-artilheiro do time, com sete gols marcados ao longo da competição.

Quando existe uma conquista, você pode pegar que todo jogador fala que é a união do grupo e é verdade. Eu agradeço muito a Tiago Cavalcanti, Paulo Isidoro, Kobayashi... Os caras corriam muito para mim. Quando eu ia voltar para marcar, os caras falavam: 'Não volta, não! Fica lá na frente!'. Eu já estava com as contusões chegando e os caras falavam para eu correr só para decidir - comentou.
O REI SOUZA
Souza jogou a Série A de 2007 e, apesar do rebaixamento da equipe, ainda se destacou a ponto de ser negociado com o Atlético-MG. Em 2008 e 2009, voltou a defender o Mecão e seguiu desfilando seu talento na Série B, sendo fundamental em campanhas que evitaram o rebaixamento. O Machadão parava para ver o camisa 10 e sua canhota em ação.
Souza - América-RN (Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)
O respeito de Souza pelo clube que o revelou é mais do que evidente. Sempre que é chamado, está pronto para ajudar, seja para jogar uma partida de masters ou para passar sua experiência - o que ocorreu na decisão do Campeonato Potiguar deste ano, quando participou da preleção no vestiário. O eterno camisa 10 é reconhecido pelos torcedores onde quer que vá, o que mantém vivo o carinho dele pelo América.
- Tenho respeito e um carinho enorme. O que o torcedor passa para mim é uma coisa espetacular. Isso é fruto do reconhecimento de tudo que eu fiz. Como eu falo, é tudo natural. A gente queria ficar um pouco em Natal. Meu filho ia nascer e a gente queria ficar aqui. As coisas foram acontecendo, foram me prendendo e as pessoas foram me conhecendo porque eu tinha saído muito cedo. Tudo foi dando certo. Essa paixão, esse respeito e esse carinho foram aumentando e eu não consegui mais sair. É maravilhoso porque foi tudo muito natural. Sinto orgulho grande de ser ídolo dessa torcida que tem um carinho enorme. Onde eu vou, o carinho e o respeito permanecem - concluiu.
FONTE: globoesporte.com/rn

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