quinta-feira, 16 de julho de 2015

PAIXÃO SEM LIMITES: TORCEDOR SIMBOLO, BAÉ DEDICA VIDA AO AMÉRICA/RN

header américa-rn (Foto: Editoria de Arte)

Um amor sem medida, que vagueia entre o limite da emoção e da razão. Nascido na cidade de Angicos, a 171 km de Natal, Erinaldo Rafael da Silva se apaixonou pelo América-RN ainda na infância. Por este nome, poucos o reconheceriam. Mas se falarmos em Baé, aí, sim, vem a lembrança de uma das figuras mais conhecidas da torcida alvirrubra. Aos 55 anos, ele dedica as 24 horas do seu dia ao clube de coração. O carinho pelo Mecão é tão grande que Baé veste roupas e calçados apenas na cor vermelha, numa espécie de reverência. Ele rechaça que haja alguma promessa por trás das vestimentas e reforça que não tem vergonha de torcer pelo América. O lema que decidiu seguir é: "Se meu coração já é vermelho, por que não posso colocar mais algo na cor vermelha na minha vida?". 

América-RN 100 anos: Baé, torcedor fanático (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)

Em um quarto nos fundos da sede provisória do América-RN, enquanto o prédio oficial passa por reformas, Baé montou seu "memorial". O local é pequeno, mas, segundo ele, possui o tamanho exato para o seu amor pelo clube. A cor vermelha nas paredes, no piso e no teto deixa o ambiente abafado, mas que é contornado por um pequeno ventilador, obviamente vermelho, que espalha a felicidade do torcedor em morar naquele lugar. Na sede, ele é o "faz tudo", apesar de ter na carteira de trabalho o registro como zelador.
- Aqui (no América-RN), eu faço tudo. Minha carteira está assinada como serviços gerais, de zelador, mas eu faço de tudo. Faço trabalho de portaria, de vigia. Eu estou sempre à disposição do América-RN, porque todos conhecem a minha capacidade. Para qualquer momento, eu estou pronto para ajudar o clube - revela Baé.
DO INTERIOR PARA O AMÉRICA

Antes de morar no clube, Baé precisou convencer o pai, Manoel Geraldo da Silva, que aquela paixão por um time de futebol era verdadeira. Convicto de que o filho sentia algo muito forte pelo América, Seu Badú, como era conhecido, vendeu, em 1979, um terreno em que a família vivia no distrito de Boa Vista, em Angicos, e, com o dinheiro, mudou-se para a capital.

América-RN 100 anos: Baé, torcedor fanático (Foto: Alexandre Filho/GloboEsporte.com)- Eu já era louco em vir para Natal. O único que vinha assistir jogo em Natal era meu pai e eu ficava com um pouquinho de inveja. Como ele via que eu gostava muito do América, ele decidiu vender o nosso terreno em Boa Vista, e nos mudamos para cá. Fiquei pertinho do clube. Depois, comecei a trabalhar em um supermercado, em 1980. Trabalhei por oito anos no supermercado, depois saí e fiquei fazendo alguns pequenos serviços - recorda.
A vinda para Natal tinha deixado Baé satisfeito, mas ainda não o suficiente. Em 1991, já conhecido pelas performances espalhafatosas que fazia no antigo Estádio Machadão, tomou coragem e pediu emprego ao então presidente do clube, Jussier Santos. Segundo Baé, o dirigente ficou assustado de início, mas disse que o fanático torcedor estava empregado.
- Um dia, eu cheguei para Dr. Jussier, que é uma pessoa que eu quero muito bem, e disse que queria trabalhar na sede do América. Ele me disse que eu estava empregado e que fosse procurar Rui Soares, que era outro dirigente, e Garrincha, que era gerente da sede. Em 1991, comecei a trabalhar no América e estou, graças a Deus, até hoje - festeja.
MECÃO DE CORPO E ALMA
Além de ser funcionário do América, Baé também mora no clube. O quarto, na cor vermelha, é "recheado" de utensílios domésticos, também vermelhos. Nas paredes, o torcedor colou fotos e pendurou quadros da sua história com o clube do coração. Até imagens religiosas com adesivos do time foram incluídas na decoração.
Baé, torcedor símbolo do América-RN (Foto: Jocaff Souza)Sempre presente, Baé tem um ritual em todos os jogos do América (Foto: Jocaff Souza)
Para dormir, duas opções: uma cama ou uma rede, ambas vermelhas. Quando põe a cabeça no travesseiro, Baé se vê no teto. Não se trata de um espelho, mas de um bandeirão confeccionado por um grupo de torcedores que presenteou o fanático alvirrubro.
- Eu respeito muito Jesus e Nossa Senhora, mas até as imagens deles estão com símbolos do América. Tudo que vem para o meu quarto, tem que ter as cores ou o símbolo do América. Eu vivo uma vida normal como a de outras pessoas, mas com o América bem perto. Eu faço as refeições aqui na sede, o clube me dá a refeição e, às vezes, eu faço alguma comida também. Tenho uma geladeira, um microondas e uma televisão. Para passar o tempo, tenho os meus rádios, por onde acompanho os jogos que o América faz fora de casa - lembra.
América-RN 100 anos: cama de Baé, torcedor fanático (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
O ritual de Baé também se expande aos campos. Quando o América faz jogos em casa, Baé segue uma programação repetida há vários anos. Separa o uniforme, equipa a bicicleta e parte em direção à Arena das Dunas (fazia o mesmo no antigo Machadão). Lá, ergue a bandeira americana e corre em volta do gramado, para, segundo ele, "agitar a torcida". Não bastasse a exaustão com as corridas, Baé ainda se atira ao chão e dá um forte grito, como se estivesse sofrendo de dor. A encenação é para mostrar que a sua paixão pelo Alvirrubro serve tanto para os momentos felizes como dolorosos.
Eu faço tudo aquilo por paixão, amor que eu tenho pelo América. Eu faço isso com todo amor e eu faço porque eu gosto. Muitas pessoas me perguntam se eu ganho alguma coisa, mas não, faço isso porque eu amo o América e vai ser sempre a minha vida. E não dói, não, já estou acostumado. Eu caio, rolo e não sinto nada. A paixão é tão grande que quando eu chego no estádio eu me solto, me transformo - declara.
PAIXÃO POR ANGÉLICA

América-RN 100 anos: Baé, torcedor fanático, colou fotos de um amiga e de Angélica na parede do quarto (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
No quarto de Baé, chamam atenção algumas fotos da apresentadora Angélica, da Rede Globo, e de outra mulher, chamada Celina, de quem se tornou amigo e admirador em 1991. Por gostar de Angélica, Baé também se encantou com Celina. Mas a distância que tem das amadas enfraqueceu a relação e ele preferiu dar "mais espaço para o América".
- É uma menina (Celina) que eu gosto muito, uma "amigona" que conheci em 91, quando o América foi campeão. Eu fiz uma grande amizade com ela, e quero muito o bem dela. Eu gosto dela porque ela se parece muito com Angélica. Meu quarto era cheio de fotos dela e de Angélica, mas eu tomei uma decisão que meu amor maior é o América e, então, teria que ter mais espaço para o América, não para Angélica, para Celina, para ninguém - concluiu.
Baé, de paletó e calças vermelhas, recebe o título de Cidadão Natalense (Foto: Verônica Macêdo/Divulgação)
FONTE: globoesporte.com/rn

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